NOTAS SOBRE O MAPEAMENTO GEOLÓGICO DA CHAPADA DIAMANTINA OCIDENTAL E ESPINHAÇO SETENTRIONAL - BAHIA (PROJETO BARRA-OLIVEIRA DOS BREJINHOS)


Herman Santos Cathala Loureiro (1).
(1)     CPRM.
                                     Resumo: O Projeto Barra-Oliveira dos Brejinhos (BOB), em fase final de execução,representa um produto de Convênio entre a CPRM e CBPM. Tem como proposta realizar o mapeamento geológico, cadastramento mineral e metalogenia na escala 1:100.000, de uma área de 21.500 km2, localizada na parte centro-oeste da Bahia, regiões da Chapada Diamantina Ocidental e Espinhaço Setentrional.

Levantamentos aerogeofísico e de prospecção geoquímica regional, além de uma geoquímica orientativa para diamante deram suporte ao trabalho. Estudos laboratoriais (petrográficos, químicos, calcográficos, de inclusões fluídas e datações geocronológicas pelos métodos U/Pb em zircão e Sm/Nd) complementam o acervo de dados do projeto.
A coluna estratigráfica da região compreende ortognaisses tonalíticos e granodioríticos paleo a mesoarqueanos, pertencentes aos complexos Paramirim e Riacho Santana; associações metavulcanossedimentares meso a neoarqueanas do Complexo Boquira; granitóides paleoproterozóicos, intrusivos na crosta arqueana (granitóides de Morão e Queimada Nova); seqüências metavulcanossedimentares estaterianas a calimianas do Supergrupo Espinhaço; e seqüências carbonáticas neoproterozóicas do Supergrupo São Francisco. Rochas máficas, intrusivas nos terrenos anteriores e formações superficiais cenozóicas, complementam a coluna litoestratigráfica da região.
Estruturalmente a área do BOB é constituída de dobramentos anticlinais e sinclinais normais, assimétricos e invertidos e de zonas de cisalhamento transpressivas regionais, com direção NNW-SSE e vergências para WSW na região do Espinhaço Setentrional e para WSW e ENE na Chapada Diamantina. O embasamento também participou dessa deformação, ocorrida durante o evento Brasiliano, conforme dados obtidos a sul do projeto, região de Paramirim.
Ouro e cristal-de-rocha são os principais recursos minerais da área, a qual ainda encerra jazimentos de diamante, dolomito, manganês, rocha ornamental, dentre outros. Ouro, uma das principais mineralizações da área, provém sobretudo do Distrito Aurífero de Gentio do Ouro, situado na Chapada Diamantina. Esse bem mineral é extraído principalmente nos elúvios/colúvios e também de veios de quartzo. Está sendo investigada se a mineralização primária está relacionada a sills de gabro/diorito hidrotermalmente alterados, intrusivos nas unidades do Grupo Paraguaçu e recortados por veios de quartzo controlados por eventos tectônicos posteriores. Os dois tipos de mineralização são explotados periodicamente por garimpeiros e também, de forma semimecanizada.
Os jazimentos diamantíferos são detríticos e relacionados a pláceres recentes oriundos de paleopláceres (conglomerados da Formação Tombador). O tratamento de dados aeromagnéticos possibilitou identificar algumas anomalias sugestivas da presença de corpos kimberlíticos/lamproíticos, abrindo assim, a perspectiva de detecção da(s) rocha(s)-fonte do diamante na área. Atualmente são conhecidos corpos de rocha provavelmente kimberlítica no extremo leste do BOB, controlados por fraturamento de direção NW-SE, cortando rochas do Supergrupo  Espinhaço (Formação Caboclo).
Dolomito ocorre sob forma de lentes relacionadas às unidades da Formação Santo Onofre e encontra-se em explotação.
Cristal-de-rocha tem ampla ocorrência na área e emprega expressivo número de garimpeiros.
Manganês é lavrado intermitentemente há cerca de quarenta anos, enquanto a lavra de rocha ornamental destaca-se pelo número de pedreiras da rocha comercialmente denominada “Verde Bambu” (hornfels).

Palavras-chave: mapeamento geológico; prospecção e mineralização; estratigrafia.